Quando criança, o tênis que eu queria era um conga; meu doce favorito era o de banana em um copinho com um papel grudado em cima e uma pazinha de madeira; assistia TV em preto e branco e ouvia rádio trancado no carro da minha mãe. Lembranças gostosas que me fazem viajar no tempo. Eu precisava de tão pouco.
Hoje, paro e observo a correria do dia-a-dia e o interesse das pessoas em querer ter mais e de ser mais. Ter mais dinheiro, mais objetos, mais tecnologia e mais, mais, muito mais.
Chegamos a um ponto de queremos aparentar mais nas redes sociais; o que comemos, o que bebemos, as viagens que fazemos, o que vestimos e até queremos ter mais razão do que os outros. Nosso político é mais que o outro, nossas opiniões são melhores, nosso conhecimento é maior, mesmo não sabendo muita coisa sobre aquele assunto, pois a intenção é ser mais, saber mais e ser o senhor ou senhora da razão.
A arrogância chega ao ponto de brigarmos com quem gostamos, diminuirmos quem sabe mais que a gente, comentarmos pelas costas, simplesmente para sermos mais, mesmo sabendo que assim nos tornamos menos.
Nos momentos de reflexão, paro e analiso: será que sou assim, ou será que estou assim?
Em tempos turbulentos, buscando o antídoto para as coisas ruins de comportamentos sombrios, procuramos no menos, a razão para viver neste mundo sem nos contaminarmos. São nas coisas simples da vida, que nos curamos da ingratidão, das falsas amizades, daqueles que procuram nos diminuir ou nos enfrentar, sempre para ter a razão e ser sempre mais.
É nos silêncio nos momentos de tranquilidade; é na oração buscando a paz, não a do mundo mas a de Deus, é nas verdadeiras amizades que nos trazem coisas boas e o verdadeiro sentimento; é na família que nem sempre parece perfeita mas é o oásis que precisamos para viver, e principalmente nas coisas simples do mundo, sendo sempre nós mesmos, valorizando sempre o que é nosso, sem destruir os outros e ou querer o que não fomos nós que conquistamos. Coerência, precisamos de coerência.
Quem dera, estivesse eu, hoje, pudesse apenas estar com meu conga, brincando na rua com meus amigos, que ainda não sabiam o que era o interesse de ser mais, sempre respeitando o outro, onde a briga era apenas para saber se foi gol ou não. No final, sempre no menos, nas coisas simples da vida, era dormir depois de um banho, com o pé todo ralado de correr descalço no asfalto, sabendo que aquilo era tudo o que a gente precisava.
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